quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Contos proibidos do marquês de sade


Conta a história que o Marquês de Sade foi o criador do sadismo e adorava chicotear e torturar até a morte prostitutas desavisadas. Nascido em 1740 e morto em dezembro de 1814, Donatien Alphonse François estudou em um internato jesuíta e teve uma gloriosa carreira no exército francês. Mas foram seus escritos transgressores de conteúdos sexuais quase profanos que chocaram a sociedade. Se você é do tipo que se enfurece quando Hollywood ignora o que aconteceu para recontar tudo de uma forma que faça sentido para as platéias, não vale a pena perder tempo com Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills, EUA-Alemanha-GB, 2000), dirigido por Philip Kaufman. Agora, se você acha que lugar de história é em documentários, e não em dramas, então há uma chance.
O marquês do filme, interpretado por Geoffrey Rush, é um artista enfurecido que se recusa a ficar calado. Internado num hospício aos cuidados do jovem religioso Coulmier (Joaquin Phoenix, em atuação impecável), empregado do doutor Royer-Collard (Michael Caine), o marquês vive feliz com a rotina da sua escrita e com sua libido sempre em alerta por causa da presença da jovem Madeleine (Kate Winslet), que contrabandeia os escritos para fora do asilo.
O resultado é uma bela encenação cinematográfica da máxima "a pena é mais poderosa do que a espada". A literatura do Marquês de Sade choca, incomoda e, principalmente, fascina. O filme se passa na França pós-revolucionária de 1794, e a primeira seqüência é inesperada - principalmente se você espera um filme cheio de safadezas - e ao mesmo tempo em que é trágica, consegue ser sublime. O tom insano e esbugalhado de um artista louco e tarado dado ao marquês é uma das boas surpresas.
Necessário fazer destaque para Kate Winslet, que dificilmente sairá da memória do espectador numa seqüência de necrofilia, contracenando com Phoenix. Os famosos quilinhos a mais que costumam ser criticados pelos adeptos do estilo mulher-cabide caíram bem para um papel numa história de época. De mais a mais, atenção também aos trejeitos do piromaníaco.
Para a decepção de muitos, Os Contos Proibidos do Marquês de Sade não é um filme com cenas carregadas de sexo e orgias - como era de se esperar de um filme sobre o marquês. É uma obra que narra a história de um artista que escreveu sobre relações carnais levadas às últimas conseqüências. É também um filme forte, violento, que fala sobre uma das formas mais abjetas de violência. A necessidade que alguns têm de calar pessoas que se expressam bem demais.

Um comentário:

Unknown disse...

Assisti algumas várias vezes. Queria um filme do Sade através de uma leitura do Marilyn Manson ou do Tim Burton